Jogo de Palavras

"No principio era o logos..."

segunda-feira, agosto 28, 2006

Um dia especial

O dia começou cedo, com um sol a espreitar com medo. A irmã ficou admirada por termos tomado o pequeno almoço tão cedo.
Hoje fomos à missa das 8:15 da manhã no Carmelo de Fátima para pudermos receber o Escapulário. Uma protecção especial de Maria. Foi um momento muito forte pois começamos a fazer parte de uma grande família que vai rezar por nós.
O cansaço já é muito e notório, com o Espírito perdido também mas com uma pequena esperança que o meu Senhor tem um porquê para tudo. Cada momento, cada porquê, tem uma resposta.
Confio-me totalmente e quero entregar-me totalmente... Tu sabes o que eu tenho e o que sinto, tu conheces-me desde o ventre de minha mãe...

quinta-feira, agosto 24, 2006

Fátima

Dezenas, centenas, milhares de peregrinos vêm aqui aos pés da Virgem todos os dias. Com olhares diferentes mas em todos eles se nota um profundo agradecimento e paz.

Um sorriso rasgado num rosto, uma lágrima que foge e se passeia pelas faces rosadas pelo calor... Fátima provoca em cada um de nós este misto de sensações que não sabemos nem temos capacidades para manifestar e então apenas conseguimos explodir a nossa alegria e agradecimento com gestos exteriores.


Alguma confusão é certo, mas também muita oração.

Ao almoço o grupo de seminaristas tem sempre histórias engraçadas para contar, algumas delas parecem surreais, mas verdadeiras Lol

quarta-feira, agosto 23, 2006

A morte do irmão Roger: porquê?

Em muitas mensagens que recebemos no ano passado, a morte do irmão Roger foi comparada à de Martin Luther King, à do arcebispo Oscar Romero ou à de Gandhi. Contudo, não podemos negar que também há uma diferença. Eles encontravam-se num combate de origem política, ideológica, e foram assassinados por adversários que não podiam suportar a sua opinião e a sua influência.

Muitos dirão que é inútil procurar uma explicação para o assassinato do irmão Roger. O mal faz malograr sempre qualquer explicação. Um justo do Antigo Testamento dizia que era odiado «sem razão», e São João pôs esta afirmação na boca de Jesus: «Odiaram-me sem razão.»

No entanto, tendo vivido próximo do irmão Roger, marcou-me sempre um aspecto da sua personalidade e pergunto-me se isso não explica o facto de ter sido ele o visado. O irmão Roger era um inocente. Não no sentido de não ter tido falhas. O inocente é alguém para quem as coisas têm uma evidência e uma instantaneidade que não têm para os outros. Para o inocente, a verdade é evidente; não depende de argumentações. Ele como que a «vê» e tem dificuldade em aperceber-se de que outras pessoas têm um acesso mais laborioso a ela. O que diz parece-lhe simples e claro e admira-se que haja pessoas para quem não seja assim. Compreendemos facilmente que frequentemente se encontra desarmado ou se sente vulnerável. Porém, em geral a sua inocência não tem nada de ingénuo. Para ele, o real não tem a mesma opacidade que para os outros. Ele «vê através».

Tomo como exemplo a unidade dos cristãos. Para o irmão Roger, era evidente que, se essa unidade é desejada por Cristo, deve poder ser vivida sem demoras. Os argumentos que se lhe opunham deviam parecer-lhe artificiais. Para ele, a unidade dos cristãos era antes de tudo uma questão de reconciliação. E, no fundo, ele tinha razão, pois nós perguntamo-nos demasiado pouco se estamos dispostos a pagar o preço dessa unidade. Será que uma reconciliação que não sintamos na própria pele ainda merece esse nome?

Havia quem dissesse que o irmão Roger não tinha um pensamento teológico. Mas será que ele não via mais claro do que aqueles que afirmavam isso? Há séculos que os cristãos têm necessidade de justificar as suas divisões. Tornaram artificialmente maiores as oposições. Sem se aperceberem, entraram num processo de rivalidade e não compreenderam a evidência deste fenómeno. Não «viram através». A unidade parecia-lhes impossível.

O irmão Roger era um homem realista. Tinha em conta o que permanece irrealizável, sobretudo do ponto de vista institucional. Mas não podia parar aí. Essa inocência dava-lhe uma força de persuasão muito especial, uma espécie de mansidão que nunca se dava por vencida. Até ao fim, viu a unidade dos cristãos como uma questão de reconciliação. E a reconciliação é um passo que todo o cristão pode dar. Se efectivamente todos dessem esse passo, a unidade estaria à mão de semear.

Havia outra área onde esta característica do irmão Roger se fazia sentir e onde se via talvez ainda melhor a sua personalidade, com tudo o que ela tinha de radical: tudo o que podia fazer surgir uma dúvida a respeito do amor de Deus era-lhe insuportável. Aqui tocamos nessa compreensão muito imediata das coisas de Deus. Não significa que ele se recusasse a reflectir, mas ressentia em si mesmo de forma muito forte que uma certa linguagem que pretende ser justa – por exemplo sobre o amor de Deus – na realidade ofusca o que pessoas menos advertidas esperam desse amor.

Se o irmão Roger insistiu muito sobre a bondade profunda do ser humano, isso deve ser visto na mesma perspectiva. Ele não tinha ilusões sobre o mal. Por natureza, era tendencionalmente vulnerável. Mas tinha a certeza de que, se Deus ama e perdoa, então recusa recordar o mal. Todo o verdadeiro perdão desperta o que há de mais profundo no coração humano, esse fundo que é feito para a bondade.

Paul Ricoeur foi tocado por esta insistência na bondade. Disse-nos um dia em Taizé que via aí o sentido da religião: «Libertar o fundo de bondade dos homens, ir procurá-lo aonde estiver completamente enterrado.» No passado, houve uma certa prédica cristã que insistia continuamente na natureza humana essencialmente má. Fazia isso para salientar a gratuidade pura do perdão. Mas afastou muita gente da fé; mesmo se ouviam falar do amor, tinham a impressão de que esse amor mantinha reservas e de que o perdão anunciado não era total.

O que há de mais precioso na herança que nos deixou o irmão Roger encontra-se talvez nisso: esse sentido do amor e do perdão, duas realidades que tinham para ele uma evidência e que ele compreendia com uma instantaneidade que muitas vezes nos escapava. Nessa área, ele era verdadeiramente inocente, sempre simples, desarmado, lendo no coração dos outros, capaz de uma confiança extrema. O seu bonito olhar traduzia isso. Se se sentia tão bem quando estava rodeado por crianças, era porque elas vivem as coisas com a mesma instantaneidade; não podem proteger-se e não podem acreditar no que é complicado; o seu coração vai direito ao que as toca.

A dúvida nunca esteve ausente para o irmão Roger. Era por isso que ele gostava das palavras: «Não deixes que as minhas trevas me falem!» Porque as trevas eram insinuações da dúvida. Mas esta dúvida não atingia a evidência com que ele ressentia o amor de Deus. Essa dúvida até talvez exigisse uma linguagem que não deixasse subsistir nenhuma ambiguidade. A evidência de que falo não se situava a um nível intelectual, mas era mais profunda, ao nível do coração. E, como tudo o que não pode ser protegido por uma argumentação forte ou certezas bem construídas, essa evidência era necessariamente frágil.

Nos Evangelhos, a simplicidade de Jesus incomodava. Alguns ouvintes de Jesus sentiram-se postos em causa. Era como se o pensamento dos seus corações fosse revelado. A linguagem clara de Jesus e a sua forma de ler os corações constituía uma ameaça para eles. Um homem que não se deixa fechar em conflitos torna-se perigoso para alguns. Esse homem fascina, mas esse fascínio pode facilmente tornar-se hostilidade.

O irmão Roger fascinou certamente pela sua inocência, pela sua percepção imediata, pelo seu olhar. E penso que ele viu nos olhos de algumas pessoas que o fascínio se podia transformar em desconfiança ou em agressividade. Para uma pessoa que carrega conflitos insolúveis, essa inocência pode tornar-se insuportável. E nesses casos não basta insultar essa inocência. É preciso eliminá-la. O Doutor Bernard de Senarclens escreveu: «Se a luz é demasiado forte (e penso que o que brotava do irmão Roger podia deslumbrar) nem sempre é fácil suportá-la. Então só resta a solução de apagar essa fonte luminosa, suprimindo-a.»

Quis escrever esta reflexão, pois ela permite fazer realçar um aspecto da unidade da vida do irmão Roger. A sua morte pôs misteriosamente um selo naquilo que ele sempre foi. Pois ele não foi morto por causa do que defendia. Foi morto por causa do que era.

Irmão François, de Taizé

(Este artigo foi também publicado no Público de 16/08/2006, um ano depois da morte do irmão Roger.)

domingo, agosto 20, 2006

Fátima

"Saboreai e vede como o Senhor é bom"

Perto d'Aquela que trouxe no seu ventre o verdadeiro pão da vida, nosso alimento, tudo se torna mais ameno e leve.
Aqui posso encontrar sempre um sorriso, uma Palavra que terão a força de me acompanhar durante um caminho e uma história minha.

Ontem fui à missa do Renovamento Carismático de Espanha, que aqui estava em retiro. Já no ano passado tinha feito amizade com um padre que acompanha este grupo e este ano voltei a encontrá-lo. Fiquei contente pois os laços de amizade tornaram-se mais fortes. Que somos nós sem amigos? Daqueles amigos que nos abraçam e nos ouvem a qualquer hora... Uma boa direcção espiritual e confissão tive depois da procissão de velas no recinto do Santuário com esse padre.

Por aqui muita coisa acontece no interior de cada um. Deus quer fazer em mim maravilhas através daqueles e daquelas que por mim passam nestes dias. Ele tem sempre alguma coisa a falar-nos para alimentar o nosso espírito sequioso.
Dá-nops sempre desse Pão, o teu corpo e teu sangue.

sábado, agosto 19, 2006

Em Fátima

Cá arranjei um tempinho no meio do meu serviço prestado à Mãe de Deus e Mãe nossa bem como aos peregrinos que a procuram neste seu santuário para assim puderem chegar a Jesus o Filho amado.

Agradeço profundamente todos aqueles que têm por cá passado apesar do meus silêncio, mas um silêncio que não se cala nunca pois tenho cada um de vós também junto de mim e de Maria. Andante, confiança pois Maria está sempre a olhar por cada um de nós à sua maneira ainda que não entendamos o porquê de muitas coisas nos acontecerem. Acontecem para crescermos...

Também comungo contigo Andarilho no amor a esta Mãe que nos indica sempre o Filho como meta a atingir, uma Mãe que apenas nos diz "Façam o que Ele vos disser"...

Malu é realmente em Maria que temos o exmeplo de um belissimo SIM. Somos nós capazes de o dizer também? Eu quero aprender essa humildade...

Também deste os passos do Tango do Aleluia "no coração de Deus", então também viste que é por aqui o caminho para a maturidade...

Aqui em Fátima, neste serviço, aprendemos muito sobre nós e sobre as pessoas. É um bom exercicio de acoilhmento e de serviço.
Como nos dizia o Reitor na reunião de preparação, este é um caminho para o sacerdócio espiritual pois o sacramental será á última meta

terça-feira, agosto 15, 2006

Assumpta est Maria

(Monte da Senhora da Assunção-Santo Tirso)



«Em Maria, que subiu ao Céu, resplandece a vitória definitiva de Cristo sobre a morte!»


É uma das mais antigas festas marianas. Em Portugal, chamava-se Festa de Santa Maria de Agosto. Foi na "vespora de Sancta Maria de Agosto" do ano de 1385 que se travou a decisiva Batalha de Aljubarrota, na qual o Beato Nuno Álvares Pereira, Condestável de Portugal, triunfou sobre o exército do rei de Castela, adepto do anti-Papa de Avinhão. Em 1950, Pio XII proclamou solenemente como dogma que "a Imaculada Mãe de Deus, a Sempre Virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial", sendo assim a primeira criatura humana a alcançar a plenitude da salvação. Esta glorificação de Maria é uma consequência natural da Sua Maternidade divina: Deus «não quis que conhecesse a corrupção do túmulo Aquela que gerou o Senhor da vida».


Um dogma é uma verdade de fé que é apresentado ao Povo de Deus. É uma verdade de fé vivida e aceite pela Igreja pedras vivas do Templo de Deus e que mais tarde é proclamada pela autoridade apostólica. Pode parecer aos olhos da razão humana impossivel tal coisa, mas é aos olhos da fé que podemos encontrar resposta.


Este privilégio, concedido à Virgem Imaculada, preservada e imune de toda a mancha da culpa original, é «Sinal» de esperança e de alegria para todo o Povo de Deus, que peregrina pela terra em luta com o pecado e a morte, no meio dos perigos e dificuldades da vida.


Com Maria olhemos sempre a estrada que nos conduz ao bom Pai. Que ela seja sempre a nossa "advogada" a quem recorremos com confiança pois sabemos que a um coração de Mãe, um coração de Filho, nada nega. Que ela seja o exemplo e o trstemunho de entrega total e sem medo. Questionamos tudo e todos, mas Maria ensina a dizer um sim radical e sem pensar no que deixamos para trás, apenas pensar que tudo é para a maior glória de Deus e dos homens.


Que esta solenidade da Assunção de Maria seja para nós sinal de que todos somos chamados a uma vida nova em Cristo e a contemplar o rosto do Pai um dia no reino de Seu Filho Jesus Cristo.


Aceita-nos Maria e leva-nos a Jesus...

segunda-feira, agosto 14, 2006

Roger de Taizé


(Tirada por Nuno M. no encontro em Lisboa)

Tudo começou numa grande solidão. Em 1940, com 25 anos, o irmão Roger deixou a sua terra natal, na Suíça, para ir viver em França, o país de sua mãe. Há já vários anos, trazia dentro de si o chamamento para criar uma comunidade onde se concretizasse todos os dias a reconciliação entre cristãos, «onde a bondade do coração fosse vivida de forma muito concreta e onde o amor fosse o coração de tudo». Ele desejava que esta comunidade estivesse presente no meio do sofrimento daqueles tempos e foi assim que, em plena 2ª guerra mundial, se estabeleceu na pequena aldeia de Taizé, na Borgonha, a alguns quilómetros da linha de demarcação que dividia a França ao meio. Começou então a esconder refugiados (principalmente judeus), que sabiam que, quando fugiam da zona ocupada, podiam encontrar refúgio em sua casa.

Mais tarde juntaram-se-lhe alguns irmãos. Foi no dia de Páscoa de 1949 que os primeiros irmãos se comprometerem para toda a vida no celibato, na vida comunitária e numa grande simplicidade de vida.

No silêncio de um longo retiro, durante o Inverno de 1952-1953, o fundador da comunidade escreveu a Regra de Taizé, onde expressava para os seus irmãos «o essencial que permitira uma vida comunitária».

A partir dos anos 50, alguns irmãos foram viver para lugares desfavorecidos para ficarem mais perto daqueles que sofrem.

Desde os finais dos anos 50, o número de jovens que vem a Taizé cresceu sensivelmente. A partir de 1962, irmãos e jovens enviados por Taizé não cessaram de ir e vir dos países da Europa de Leste, com a maior discrição, para não comprometer as pessoas que estavam a ajudar.

Entre 1962 e 1969, o próprio irmão Roger visitou a maior parte dos países da Europa de Leste, por vezes para encontros de jovens, autorizados mas muito vigiados, outras vezes para simples visitas, sem permissão para falar em público («Calar-me-ei convosco», costumava dizer aos cristãos desses países).

Foi em 1966 que as irmãs de Santo André, comunidade católica internacional fundada há mais de 7 séculos, vieram habitar para a aldeia vizinha e começaram a assumir uma parte das tarefas do acolhimento. Mais recentemente, algumas irmãs ursulinas polacas vieram também dar a sua colaboração.

A comunidade de Taizé junta hoje uma centena de irmãos, católicos e de diversas origens evangélicas, vindos de mais de 25 países. Pela sua própria existência, ela é um sinal concreto de reconciliação entre cristãos divididos e povos separados.

Num dos seus últimos livros, intitulado «Deus só pode amar», o irmão Roger descrevia deste modo a sua caminhada ecuménica:

«Poderei recordar aqui que a minha avó materna descobriu intuitivamente uma espécie de chave para a vocação ecuménica e que me abriu uma via para a concretizar? Marcado pelo testemunho da sua vida, e ainda muito jovem, encontrei a minha própria identidade de cristão ao reconciliar em mim mesmo a fé das minhas origens com o mistério da fé católica, sem ruptura de comunhão com ninguém.»

Os irmãos não aceitam doações nem ofertas. Nem sequer aceitam para si mesmos as suas próprias heranças pessoais, mas oferecem-nas aos mais pobres. É pelo seu trabalho que ganham a vida e partilham com os outros.

Existem agora pequenas fraternidades em bairros desfavorecidos da Ásia, da África e da América do Sul e do Norte. Os irmãos tentam partilhar as condições de vida daqueles que vivem à sua volta, esforçando-se por serem uma presença de amor junto dos mais pobres, dos meninos de rua, dos prisioneiros, dos moribundos, dos que ficam feridos mesmo no mais profundo de si mesmos por rupturas de afeição, pelos abandonos humanos.

Hoje, vindos do mundo inteiro, muitos jovens encontram-se em Taizé, durante todas as semanas do ano, para encontros que podem juntar de um domingo ao domingo seguinte até seis mil pessoas, representando mais de 70 países. Com os anos, centenas de milhares de jovens passaram por Taizé, meditando sobre o tema «vida interior e solidariedade humana». Nas fontes da fé, procuram descobrir um sentido para a sua vida e preparam-se para assumir responsabilidades nos lugares onde vivem.

Também homens da Igreja se deslocam a Taizé; assim, a comunidade acolheu o papa João Paulo II, três arcebispos de Cantuária, metropolitas ortodoxos, catorze bispos luteranos suecos e numerosos pastores do mundo inteiro.

Para apoiar as gerações mais jovens, a comunidade de Taizé anima uma «peregrinação de confiança através da terra». Esta peregrinação não organiza os jovens num movimento centrado na comunidade, mas estimula-os a serem portadores de paz, de reconciliação e de confiança, nas suas cidades, universidades, nos seus locais de trabalho, nas suas paróquias, e isto em comunhão com todas as gerações. Como etapa desta «peregrinação de confiança através da terra», um encontro europeu de cinco dias reúne no fim de cada ano várias dezenas de milhares de jovens numa metrópole europeia, no Leste ou no Ocidente.

Por ocasião do encontro europeu, o irmão Roger publicava todos os anos uma «carta», traduzida em mais de cinquenta línguas, retomada e meditada depois durante todo o ano pelos jovens, em suas casas ou nos encontros em Taizé. O fundador de Taizé escreveu muitas vezes esta carta a partir de um lugar pobre onde ia viver durante algum tempo (Calcutá, Chile, Haiti, Etiópia, Filipinas, África do Sul...)

Hoje, no mundo inteiro, o nome de Taizé evoca paz, reconciliação, comunhão e a espera de uma Primavera da Igreja: «Quando a Igreja escuta, cura e reconcilia, ela torna-se naquilo que é no mais luminoso de si mesma: límpido reflexo de um amor» (irmão Roger).


Faz dia 16 deste mês um ano que este sorriso encontrou o Pai. Sempre a sorrir pois sempre esteve em comunhão com o Pai. "A alma que anda no amor, nem cansa nem se cansa". Ia eu a atravessar o recinto do Santuário de Fátima, para cantar no terço e procissão de velas, quando me ligam a dizer que o irmãp Roger tinha sido assassinado.
Um grande sorriso, um grande homem, uma grande alma que agora junto do Pai contínua a interceder pelos muitos jovens sem rumo e que buscam a Deus.


Aqui fica a minha homenagem e recordação deste homem que me disse um dia que eu era especial aos olhos de Deus e que Ele teria algo de importante para mim... Cá estou eu agora a seguir o meu caminho

“Há em mim um poço muito profundo. E nesse poço está Deus. Às vezes, consigo chegar a ele, mas o mais frequente é que as pedras e escombros obstruam o poço e Deus fique sepultado. Então, é necessário voltar a trazê-lo à luz.” (Etty Hillesum — Un Itinerário Espiritual, ed. Sal Terrae, Santander)

domingo, agosto 13, 2006

Algumas fotos de sobrado


(passagem por Santiago de Compostela)



(Mosteiro visto da quinta)


(lago dos monges)


(Claustros)


(Igreja do Mosteiro)


(Eu nos claustros)


(Eu no jardim do Mosteiro)


(Capela)




No silêncio

Voltei do silêncio com que falei ao nosso Deus, ao meu Pai que está no secreto de cada um. Encontrei-o onde Ele sempre esteve e está.

Descobri que a dor faz parte da vida, que acaba por ser o lado frágil da nossa grandeza. É a noite que permite que a lua brilhe. Tudo o que passamos é para fortalecer sempre e para amadurecer o nosso espírito. Tudo faz parte do caminho e tem alguma razão de ser, ainda que a nossa fragilidade e a nossa limitada humanidade não o compreenda.

Quantas e quantas vezes fugimos de Deus para cavar cisternas que não conseguem reter as águas, quando a única e verdadeira água viva é o próprio Deus. Não temos o direito de o colocar em causa ou questioná-lo por tudo o que nos acontece.

O clima de oração ao ritmo monacal ajudou-me a encontrá-Lo. A oração com a comunidade, a oração silenciosa e pessoal, a contemplação na natureza.

Aquelas pedras falavam e cantavam a glória de Deus. Descobri também o sentido do "Tango do Aleluia", aliás, aprendi alguns passos, mas ainda tropeço um pouco, mas nada que a semente que o Pai lançou no nosso silêncio não vá germinar e fazer-me um novo homem liberto do homem velho preso, acorrentado.
"Tango do Aleluia", passos que só se descobrem num palco muito sui generis, a Cruz, a nossa cruz de cada dia, a cruz individual que carregámos. Só pela morte chegamos à vida nova; só conhecendo a tristeza é que chegamos à plenitude da alegria e cantar e dançar o grande "Tango do Aleluia". Não sei se andarei muito longe com estas minhas suposições, mas foi o que o silêncio dos claustros me falaram...

Que somos nós diante da grandeza e presença de Deus? Somos tudo, pois o nosso Deus é um Deus que se revelou Amor, um amor particular por cada um de nós e que só Ele nos basta para que tenhamos vida e a tenhamos em abundancia.

Que todos aqueles que andam desanimados encontrem como eu o bom Deus...
(peço desculpa se falta sentido nas ideias soltas que fui passando, mas foi o que vivi esta semana e o que encontrei de mais precioso)

terça-feira, agosto 08, 2006

Tempo que voa

Pois é, ja estou mais pesado um ano...

Neste dia quero cantar um salmo ao meu Senhor, um hino de alegria por me ter dado tudo o que me deu até agora. Quero aceitar tudo porque deve ter algums sentido. Quero descobrir qual o sentido.

A minh alma louva o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador.


Hino à Vida

A vida é uma oportunidade: agarra-a.
A vida é beleza: admira-a.
A vida é felicidade: saboreia-a.
A vida é um sonho: realiza-o.
A vida é um desafio: enfrenta-o.
A vida é um dever, cumpre-o.
A vida é um jogo: joga-o.
A vida é preciosa: cuida dela.
A vida é uma riqueza: conserva-a.
A vida é amor: goza-o.
A vida é um mistério: descobre-o.
A vida é promessa: mantém-na.
A vida é dor: supera-a.
A vida é um hino: canta-o.
A vida é uma luta: aceita-a.
A vida é aventura: arrisca-a.
A vida é alegria: merece-a.
A vida é vida: defende-a.

Madre Teresa
À 25 anos atrás, uma criança rompia o silêncio feito pelo esforço de uma mãe que tanto queria ver o seu primeiro rebento e segurar aquele pequeno ser nos seus braços. Uma criança bonita por sinal...


Senti-me seguro nos braços de minha mãe, sim ainda me lembro, aquelas luzes a apontar para mim, o calor intenso que se faz sentir no verão, uma confusão de cheiros a suor e de sangue, uns seres esquesitos com uma bata e uma mascara na cara...Enfim...


Foi crescendo em estatura e graça diante de Deus, a sabedoria foi ganhando aos poucos ;)...
Escolhida por Deus para ser sinal e testemunho no meio do Seu Povo.



Faz hoje também 6 anos que parti para as Jornadas da Juventude em Roma com a diocese do Porto. Foram algumas centenas de jovens. Uma experiência riquissima e que me marcou para sempre. Vi o JP II...

segunda-feira, agosto 07, 2006

Já la vão uns aninhos...


O livro das memórias vai passando e vai sendo escrito e reescrito uma e outra vez. Umas vezes as letras mais marcadas que outras, umas vezes mais tortas que outras que nem se chega a perceber muito bem aquele momento e o porquê de o ter vivido... Mas tudo faz parte da nossa história, todos os pequenos nadas e as grandes aventuras, as quedas e as alegrias, as perdas e os encontros, a morte e a vida, o amor e o ódio.


Já lá vão 25 anos em que a esta altura já devia eu estar a pensar em como sair do ventre que sempre me acolheu e protegeu deste mundo. Devia eu estar a pensar no que me iria acontecer lá fora.


Hoje, a um dia do meio século de existência olho para trás e vejo as pessoas que este ano me deixaram, vejo as alegrias espreitarem e sorrirem ainda que timidamente por entre algumas trevas que quiseram fazer-se sentir...

A vida...


domingo, agosto 06, 2006

Divino Salvador

Mais um ano, mais uma caminhada e deste vez em direcção à capela da praia em Valadares, onde também celebram o Divino Salvador como seu padroeiro.
Saímos da Igreja Matriz do Divino Salvador de Vilar de Andorinho (a minha paroquia) depois de um pequeno momento de oração. Os momentos de oração a par da descontracção foram as tónicas desta caminhada/peregrinação em honra de um padroeiro em comum, em honra de um Jesus que ama e encarnou, sofreu numa cruz e morreu por cada um de nós.

A minha companhia de viagem não podia ter sido melhor, vim o caminho quase todo a falar com a Irmã L. testemunho forte da sua congregação, comunidade e pessoal. Deixa transparecer em cada palavra, cada olhar e cada gesto uma palavra, um gesto e um olhar de Jesus. Este é o resultado daqueles que olham a luz do Tabor e se deixam transfigurar com Cristo e em Cristo.

O acolhimento na capela feito pelo grupo de jovens de Valadares foi um forte momento de oração e partilha.

Domingo, missa do Padroeiro foi celebrada com um tom festivo que marcou a Solenidade desta Festa da Transfiguração. De resaltar o grande esforço que o nosso Padre Albino fez em se fazer ouvir, pois estava quase afónico. Uma força o fazia falar e celebrar conosco aquele que é o NOSSO padroeiro...
Olhemos então hoje para Jesus, segunda Pessoa da Trindade que é Deus. Um Deus Uno-Trino.
Transfigura Senhor o meu olhar, trasnfigura o meu rosto e o meu sorriso, transfigura o meu espírito e todo o meu ser.
Quero ficar contigo, mas tenho que descer do monte... Mas parto com a certeza que me acompanhas sempre no meu caminho de cada dia. Sim, Tu Senhor estás comigo e não me abandonas.

quinta-feira, agosto 03, 2006

A espera

Quanto esperei este momento
Quanto esperei que estivesses aqui
Quanto esperei que Me falasses
Quanto esperei que viesses a Mim

Sei bem o que tens vivido
Sei bem porque tens chorado
Eu sei porque tens sofrido
Sempre estive ao teu lado

Ninguém te ama como Eu
Ninguém te ama como Eu
Olha p’ra Cruz é a minha maior prova
Ninguém te ama como eu

Ninguém te ama como Eu
Ninguém te ama como Eu
Foi por ti, só por ti, porque te amo
Ninguém te ama como Eu

quarta-feira, agosto 02, 2006

Opções

A primeira leitura de hoje fez-me pensar na fragilidade do homem e na sua caducidade. O profeta Jeremias diz "Como sou infeliz, minha mãe!Porque me trouxestes ao mundo?Sou um homem contestado e perseguido em toda a terra!". Este grito é também muitas vezes o nosso grito, o grito da humanidade. Porém a nossa confiança em Deus, apesar de vacilar, nunca deve ser mudada pois O Senhor é o nosso refúgio na nossa tribulação.

Desde o dia do nosso Baptismo que somos convidados a fazer uma opção e a seguir um caminho. O Baptismo imprime no nosso coração uma chama e que é alimentada ai longo da nossa caminhada. As parábolas que Jesus nos ensina hoje, deixam no ar um convite a tomar atenção ao nosso compromisso de Baptizados. Seremos nós capazes de vender todos os nossos bens apenas para comprar um campo com um tesouro? Seremos nós capazes de vender tudo com o único objectivo de comprar uma pérola? Este é o convite, a fazer uma escolha radical pelo reino por muito que custe, por muitos esforços e fracassos tenhamos na vida para alcançar esta meta.

Peço-te hoje Senhor a sabedoria do coração, Tu que és a força, imprime em meu coração a força necessária para vender tudo e comprar o campo onde se encontra o tesouro e para comprar a pérola bela e preciosa...

terça-feira, agosto 01, 2006

Um coração

"O nosso coração está em Deus"

É a resposta que damos na Eucaristia às palavras do sacerdote "Corações ao alto"; farto de dizer isto, talvez muitas vezes mecanicamente, mas hoje parei e meditei nestas palavras "O nosso coração está em Deus", pois nem sempre o nosso coração está em Deus como o dizemos. O nosso coração só está verdadeiramente em Deus quando também está nos nossos irmãos.

"Quem tem ouvidos ouça." Ja nos dizia hoje Jesus no Evangelho,portanto se não estás em comunhão com teu irmão, faz primeiro laços com ele e só depois te diriges ao Pai...

A oração

“…Creio - aprendi-o de Ti - que o Amor é o único bem pelo qual vale a pena dar a vida e a única lição que interessa aprender. Só cá estamos para aprender a amar. A maior dívida que tenho na Terra é para com quem me amou e se deixou amar por mim. É uma dívida infinita, que só no Céu poderei saldar. No entanto, todo este amor não tem comparação com aquele que tenho recebido de Ti e que - como nenhum outro - me tem estimulado a ser livre e a seguir o meu próprio caminho. Gostaria de saber transmitir a quem não tem fé que a verdadeira fé de um crente é a fé que Deus tem nele. E que isto chega para transfigurar a vida de uma pessoa.”

(Excerto de “ O príncipe e a lavadeira” de Nuno Tovar de Lemos, s.j. pág.17)