Dez anos depois

O exemplo de Teresa de Calcutá mostra-nos que o caminho da santidade está ao alcance de todos nós e não apenas de alguns escolhidos e eleitos. Madre Teresa foi, e é a mulher mais conhecida do séc XX; todos a olham como a irmã dos "pobres mas pobres"; todos a conhecem por andar nas sarjetas à procura de doentes, leprosos, crianças, velhinhos...

Recentemente a imprensa grita e badala a toda a força que Madre Teresa terá vivido parte da sua vida com dúvidas de fé, sentindo o silêncio profundo de Deus.

Embora a ideia de que Deus a tivesse abandonado tivesse passado pela sua cabeça, ela nunca O rejeitou, tão grande era sua sede de Deus, tal era sua grandeza.

O papa Bento XVI disse num discurso no fim-de-semana que o tormento de Madre Teresa sobre o silêncio de Deus não é anormal, o que calou as especulações de que a publicação das cartas pudesse influir negativamente sobre o processo de canonização da religiosa.

Padre Kolodiejchuk, postulador da sua causa de beatificação e compilador das cartas que revelam a experiência de "deserto espiritual" de Teresa de Calcutá, numa estrevista comenta estas cartas:

"Antes da inspiração da sua obra, já tinha tido uma experiência de escuridão. Entretanto, é importante levar em conta que esta 'noite’, este sofrimento interior, é fruto da sua união com Cristo, como aconteceu com Santa Teresa de Jesus, ou Paulo da Cruz".
"A ‘noite escura’ de Madre Teresa deve-se, portanto, à dupla dimensão que vive o amor dos religiosos: em primeiro lugar, a ‘esponsal’, o seu amor a Cristo, que a leva a unir-se aos seus sofrimentos; e, em segundo lugar, o amor ‘redentor’, que leva a compartilhar a redenção, a anunciar aos outros o amor de Deus para que descubram a salvação através da oração e do sacrifício", acrescentou.

Afirma ainda que estas cartas ajudam a provar a santidade da religiosa porque permite ter um "novo entendimento, esta nova janela para a sua vida interior, que a meu parecer é o mais heróico possível".