Jogo de Palavras

"No principio era o logos..."

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Candelária ou Festa da Virgem da Luz


“Todo o escriba instruído acerca dos céus
é semelhante a um pai de família
que tira novas e velhas do seu tesouro.”
(Mt. 13, 52)

No dia 2 de Fevereiro, a Igreja faz memória da Apresentação do Menino Jesus.
O Evangelho de São Lucas narra que, depois do nascimento de Nosso Senhor e decorrido o prazo que a Lei mosaica estabelecia para a purificação das mulheres que davam à luz, Nossa Senhora e São José levaram o Menino Jesus ao Templo para O apresentarem a Deus, conforme também prescrito na Lei. Na ocasião, Maria Santíssima ofereceu ao Senhor o sacrifício ritual de dois pombinhos, estabelecido para a purificação de mulheres pobres. Jesus e Maria não estavam sujeitos à Lei, mas quiseram observá-la por amor à humildade e para nos dar o exemplo.
Este era um ritual marcadamente judeu, o apresentar os primogénitos ao Templo implicava um rito de purificação da mãe. Porém, uma vez que Maria não terá perdido a sua virgindade ao dar á luz, não estava sujeita a uma tal legislação, pois a sua concepção não foi por via do casamento mas por um sopro místico. Mas sujeitou-se à lei para dar um exemplo de humildade. Era uma família pobre pois a oferta ao Templo foram duas pombas (a oferta menor).
Pretender que o tempo mítico entre no tempo litúrgico por meio do tempo histórico leva quase a violentá-los aos três. No cumprimento do ritual bíblico, toda a mulher devia apresentar no templo o seu primogénito, só quarenta dias após o nascimento, tempo que durava a sua impureza. Para resgatar o seu filho a Iahvé, devia oferecer um cordeiro, ou um par de rolas ou pombos jovens se fosse pobre. Eram necessárias duas porque uma era sacrificada no altar dos holocaustos e a outra oferecida ao sumo-sacerdote como expiação da transgressão. Quanto à ave oferecida em holocausto: “O sacerdote apresentará a ave sobre o altar e quebrar-lhe-á a cabeça, que queimará no altar, depois de ter espremido o seu sangue sobre os lados do altar. Retirará o papo e as penas e deitá-las-á ao lado do altar, ao oriente, no lugar onde se deitam as cinzas. Então, o sacerdote abrirá a ave pelo lado das asas sem as separar, e queimá-las-á sobre o altar, sobre a lenha do braseiro. Será um holocausto, uma oferta queimada, de agradável odor ao Senhor” (Levítico 1,15-17).
Depois da oferta e da circuncisão de Jesus, dá-se o encontro com o velho Simeão que toma o menino nos seus braços e canta um dos mais belos poemas messiânicos do livro de Isaías: “Que formosos são, sobre os montes, os pés do mensageiro que anuncia a paz, que traz a boa nova, que apregoa a vitória! As tuas sentinelas elevam a voz, cantam em coro, porque vêem com seus próprios olhos Iahvé que volta a Sião… aos olhos das nações, e todos os confins da terra verão o triunfo do nosso Deus.
Só no século VI a Igreja de Roma adoptou esta festa. A festa passou a ser chamada de Candelária pelo povo mais simples em eu o único rito exterior era uma procissão de velas. Afirmou-se muitas vezes que esta procissão teria sido instituída pela Igreja de Roma para substituir um ritual pagão particularmente popular, as lupercais. Em honra de Februa, mãe de Marte, deus da guerra, os Romanos iluminavam a cidade de cinco em cinco anos, com velas e archotes, durante uma noite, para que Marte lhes concedesse a vitoria sobre os seus inimigos. Também contam as fábulas dos poetas que Proserpina era tão bela que Plutão, deus dos Infernos, apaixonou-se por ela e levou-a para o interior da terra. Seus pais procuraram-na nas florestas e bosques com tochas e archotes e todos os anos as mulheres de Roma cumpriam esse ritual fazendo memória desta lenda. Como os cristãos recentemente convertidos á fé cristã não se conseguiam decidir, o Papa Sergius ordenou que os cristãos em todo o universo celebrassem uma vez por ano a santa Mãe do Senhor, com velas acesas e candeias benzidas. Julga-se que será a festa mariana mais antiga do Ocidente cristão.
Porém os historiadores notam que só a partir do século VII surge esta festa mariana da candelária e nessa época a memoria das praticas romanas estariam à muito tempo esquecidas e o problema da “cristianização” de um festa latina já não se colocava. Em contrapartida, as populações da Europa céltica traziam com a sua conversão um universo mítico muitíssimo diferente de Roma ou do Oriente.
Na Irlanda, por exemplo, país de onde os povos passaram directamente das suas tradições celtas para o cristianismo, celebra-se na noite de 1 de Fevereiro a festa de Santa Brígida. Ora, na Irlanda no dia 1 celebrava-se uma das quatro festas sazonais que ritmavam o ano litúrgico celta. O seu nome em Irlandês era Imbolc. A festa de Imbolc era presidida pela figura da deusa Brigit, e o princípio ou objectivo da festa era a purificação. Brigit seria o nome local da principal deusa “mãe dos celtas”.
(in "As Festas de Deus" de Guy Deleury Instituto Piaget)

5 Comments:

  • At quinta-feira, fevereiro 02, 2006 2:31:00 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    olá!
    hoje é um dia importante para todos os cristãos, dado que, celebramos a apresentação do Senhor Jesus ao templo!Celebrámos com muita alegri, há quarenta dias, a solenidade do natal do Senhor. Hoje é o santo dia em que Jesus é apresentado no templo por seus pais.exteriormente cumpria a lei e suas prescrições, contudo, não foram ali apenas para o apresentar mas trazer Jesus que vinha ao encontro do seu povo fiel.
    Aqueles dois santos velhos, simeão e Ana, tinham ido ao templo movidos pelo espirito santo e por isso movidos pelo mesmo espirito reconheceram que estavam diante do Senhor e por isso, o anunciaram com todo o entusiasmo.
    Deste modo, também a nós é pedido que reunidos e movidos pelo espirito santo caminhemos para a casa do Senhor ao encontro de Cristo..
    Por outro lado é importante salientar a figura de Maria, que ao oferecer o seu filho Jesus, oferece-se também com Ele. Durante toda a sua vida estará sempre com Ele, dando a sua colaboração para a obra da Redenção.Este gesto de Maria, que "oferece", traduz-se em gesto lçiturgicvo, quando ao celebrarmosa Eucaristia, oferecemos " os frutos da terra e do trabalho do homem", símbolo da nossa vida.
    Sendo assim, que este Jesus, fonte e origem da luz eterna, infunda no coração de cada um de nós a claridade desta luz que não tem ocaso e que iluminados por esta luz, por estas luzes que vem ao teu encontro consigamos chegar um dia a contemplar um dia a luz da vossa gloria.

    Grande Abraço e que esta luz se faça sempre presente na tua vidan nos teus trabalhos e que em vez de te fechares a Ele te abras e vejas quantas graças podes tirar dela...

     
  • At quinta-feira, fevereiro 02, 2006 8:17:00 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    oi ss
    Sei lá o k diga....
    Gostei do nome simeão..
    Vê se apareces na 6a....é mais sabado mas aparece

    Beijão

     
  • At sexta-feira, fevereiro 03, 2006 1:26:00 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    Obrigada por participar da luta pelas baleias. Estamos cadastrando blogs que queiram participar das próximas campanhas em defesa da vida. Se aceitar envie e-mail pra contato. Bjs

     
  • At sábado, janeiro 31, 2009 10:19:00 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    não percebi aquela de Maria e José estarem «dispensados» de apresentar o filho no templo...
    Afinal eles erão ou não judeus?
    grande confusão que vai por aí!
    E eu que só vim procurar as origens das celebrações da festa das Candelárias... Segundo o Borda de Água é amanhã. Agora percebo: tem que coincidir com a liturgia cristã. Coisas...

     
  • At domingo, fevereiro 01, 2009 10:02:00 da tarde, Blogger nahar said…

    Tal como digo e explico no texto: "Porém, uma vez que Maria não terá perdido a sua virgindade ao dar á luz, não estava sujeita a uma tal legislação, pois a sua concepção não foi por via do casamento mas por um sopro místico. Mas sujeitou-se à lei para dar um exemplo de humildade". Seguindo o texto com atenção encontra-se a explicação para defender a ordem e o porquê dos acontecimentos.

    O gesto de Maria, que «oferece», traduz-se em gesto litúrgico, quando ao celebrarmos a Eucaristia, oferecemos «os frutos da terra e do trabalho do homem», símbolo da nossa vida.
    Neste dia, antes da Missa, está prevista no Missal a procissão das velas, acesas em honra de Cristo que vem como luz das nações, e ao encontro de quem a Igreja caminha guiada já por essa mesma luz.

     

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