Jogo de Palavras

"No principio era o logos..."

sexta-feira, abril 13, 2007

Hagiógrafos

Os Salmos
O livro dos Salmos é o coração do Antigo Testamento. O nome actual do livro dos Salmos, está directamente ligado à mais antiga designação utilizada para esta colecção de poemas ou cânticos religiosos. Contam-se 150 Salmos, porém ao longo de toda a Bíblia contam-se mais ou menos 3000 orações. O nome português deriva da palavra grega "Psalmoi" e esta é já utilizada na antiga tradução grega, chamada dos Setenta, para traduzir o termo hebraico "mizmorôt", (cânticos). Este parece ter sido o seu nome hebraico mais antigo. Já nos textos de Qumrân e em alguns autores cristãos antigos aparece o nome que actualmente lhe é dado na Bíblia Hebraica: "Sepher Tehillim", "Livro dos louvores".
Os salmos são orações cantadas, elevações a Deus cantadas pelo povo de Deus. São orações cantadas, no sentido de que não são ditas simplesmente com os lábios, mas são orações em que todo o homem se envolve na sua emotividade, na sua fantasia e na sua imaginação. Para melhor entender a sua mensagem, os salmos devem ser cantadas, pelo menos interiormente. Cada palavra, cada imagem, cada símbolo, deveria ser meditado com grande atenção para que exprimisse toda a sua riqueza.
O Salmo é a vida do quotidiano falada a Deus. Toda a história bíblica é entrecortada pela relação Homem/Deus. No livro dos Salmos, o homem não diz apenas o que é agradável, mas é realista e diz o que sente; diz a Deus a sua vida, os seus sentimento, sendo negativos ou positivos. A melhor forma de suavizar este azedume é falar a Deus, dizer a Deus, rezar p que sente; depurar os seus sentimentos. O salmo diz o ser humano na sua integridade. Quando rezo é porque compreendo que Deus pode interceder na minha situação. O salmo é a concentração total do homem a Deus, pois diz a Deus o seu mundo, coisas boas ou más.
Segundo Carlo Maria Martini, a oração do homem corre entre duas atitudes fundamentais: louvor/lamentação, agradecimento/súplica; são como que dois momentos da existência humana, como a noite e o dia, como as trevas e a luz, e são a substancia da oração bíblica. A atitude de louvor brota das profundezas do homem, sendo, por isso mesmo, o sinal de uma antropologia, isto é, de um modo de ver o homem diante de Deus como capaz de espanto e de admiração, de perceber a existência como dom, de exultar de alegria diante do mistério do ser e diante da origem deste mistério que é o próprio Deus.
“Uma das chaves para entrar no seu universo é precisamente compreender que os Salmos são história: são a vida transformada em oração, a história de Israel transfigurada em eucaristia através da sua utilização no culto. E são um convite para fazermos da nossa vida uma oração. Ao abrir um livro de "orações bíblicas", esperamos encontrar textos edificantes, tecidos de bons sentimentos, impregnados de uma profunda teologia. Porque são orações de homens, de homens que não se enganam a si mesmos quando encontram o seu Deus, que Lhe fazem frente com todas as suas paixões e as suas misérias e a sua nostalgia de amor. Deste modo, os Salmos fazem-nos entrar na oração de um povo no qual cada um quando ora, diz "nós"; até o próprio "eu" da maior parte dos salmos é colectivo. Eles fazem estoirar o nosso individualismo.”[1]

Géneros literários dos Salmos
O livro dos Salmos engloba, na actual Bíblia Hebraica, um conjunto de 150 cânticos de que os Sl 1 e 2 constituem a abertura e o Sl 150 representa o encerramento. O saltério é dividido em 5 livros. Na história antiga do texto bíblico, as numerações dos Salmos variaram bastante, sem que se modificasse o seu conteúdo literário. Este conjunto de cânticos era dividido de maneiras diferentes, de tal modo que resultava um número umas vezes inferior e outras superior ao de 150, que se tornou o número canónico no texto hebraico. Um resto desta antiga variedade na numeração dos Salmos é aquela que ficou na tradução grega dos Setenta, de onde transitou para as traduções latinas dela dependentes e ainda se encontra em antigas traduções portuguesas. Nestas, os Salmos que se encontram entre o 9 e o 147 levam um número a menos. Existem três géneros literários que são os hinos de louvor (salmos da realeza de Jahveh e os salmos de Sião), de acção de graças (comunitária e individual) e as suplicas (comunitárias e individuais). Nos hinos de louvor, o salmista levanta a sua voz, não para se dizer a si mesmo, mas para dizer a Deus. Não tem nenhuma nota pessoal. É puro louvor, oração completamente desinteressada. Os salmos da realeza de Jahveh louvam a Deus na sua característica de Rei. Os salmos de Sião, mais densos, intensos e emotivos, cantam Deus. Sião é a cidade mãe dos filhos de Deus e a cidade esposa de Deus, onde está o Templo, o palácio. Existem ainda três subgéneros que são os salmos de confiança (comunitários e individuais), os salmos reais que canta o rei terreno, o que há-de vir, o Messias e há os salmos didácticos que podem ser sapienciais, exortações proféticas, liturgias e didáctico históricos.

Salmo 150
1Aleluia!
Louvai a Deus no seu santuário;
Louvai-o no seu majestoso firmamento!
2Louvai-o pelos seus feitos valorosos;
Louvai-o por todas as suas grandes proezas!
3Louvai-o ao som da trombeta;
Louvai-o com a harpa e a cítara!
4Louvai-o com tambores e danças;
Louvai-o com instrumentos de corda e flautas!
5Louvai-o com címbalos sonoros;
Louvai-o com címbalos vibrantes!
6Tudo o que respira louve o SENHOR!
Aleluia!

João Paulo II nas suas catequeses sobre os salmos ajuda-nos a meditar e a entrar no salmo 150, o último salmo, a abobada do livro dos salmos. É um hino de louvor. O orante dilui-se na oração, aqui apenas Deus se pode verificar, o Deus que se louva. O louvor é eterno, para sempre. O templo de Jerusalém é o Santuário de Deus, o centro de toda a terra. Dizer que Deus habita os céus, é dizer que Ele escapa, ultrapassa um santuário. O texto dos LXX traduz santuário por os seus santos, portanto já não é um lugar de pedra, mas a pessoa humana. Em cada um de nós habita Deus. Louvar a Deus em cada pessoa. A tradução grega dá um alcance mais vasto e profundo.
Todos são convidados a louvar a Deus. “Louvai-o ao som da trombeta” (v. 3) a trombeta, um corno de carneiro (shôphar) é usado em alturas festivas, tocado nas teofanias, nas guerras de Jahveh, no dia de Jahveh, no ano jubilar, no anúncio das festas, no sábado e no Novo Testamento para abrir o tempo escatológico. O shôphar é tocado pelos sacerdotes, mas no Novo Testamento são os anjos que o tocam. “Louvai-o com tambores e danças”, eram as mulheres quem dançavam.
Mas louvar a Deus porquê? “Louvai-o pelos seus feitos valorosos; Louvai-o por todas as suas grandes proezas!” (v. 2) Para o povo hebreu as grandes proezas lembram o Êxodo, a passagem do Mar de Juncos, a entrada na terra prometida, a constituição do povo, a lei do Sinai. Texto que Maria repete no Magnificat “A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da sua serva.”
“O texto é de uma admirável simplicidade e transparência. Devemos apenas deixar-nos atrair pelo insistente apelo a louvar o Senhor: "Louvai ao Senhor... louvai-O... louvai-O!". Na abertura, Deus é apresentado sob dois aspectos fundamentais do seu mistério. Ele é, sem dúvida transcendente, misterioso, distinto do nosso horizonte: a sua habitação real é o "santuário" celeste, o "firmamento do seu poder", semelhante a uma fortaleza inacessível ao homem. Contudo, Ele está próximo de nós: está presente no "santuário" de Sião e age na história através dos seus "prodígios" que revelam e tornam experimentável "a sua imensa grandeza" (cf. vv. 1-2).
O texto é cadenciado por uma série de dez imperativos que repetem a palavra "hallelû", "louvai"! O louvor a Deus torna-se uma espécie de respiro da alma, que não conhece trégua.
O Salmo 150 parece desenvolver-se num tríplice momento. Na abertura, nos primeiros dois versículos, o olhar fixa-se no "Senhor", no "seu santuário", no "seu poder", nas "suas obras poderosas" e na "sua grandeza". Depois semelhante a um verdadeiro e próprio movimento musical no louvor insere-se a orquestra do templo de Sião (cf. vv. 3-5 b), que acompanha o cântico e a dança sagrada. Em seguida, no último versículo do Salmo (cf. v. 6) aparece o universo, representado por "todos os seres vivos" ou, se quisermos corroborar ainda mais o original hebraico, por "tudo o que respira". É a própria vida que se faz louvor, um louvor que sobe das criaturas até ao Criador.
Está envolvida no louvor divino, antes de mais, a criatura humana com a sua voz e o seu coração. Com ela, são idealmente interpelados todos os seres vivos, todas as criaturas que respiram (cf. Gn 7, 22), para que elevem o seu hino de gratidão ao Criador pelo dom da existência.”
Quando o homem não tem estes sentimentos de reconhecimento e de louvor ao Senhor, estraga a casa de Deus, que é o mundo, suja-a com o mal que faz, como diz o Génesis: “A Terra está corrompida diante de Deus, e cheia de violência. Deus olhou para a Terra e viu que ela estava corrompida, pois toda a humanidade seguia, na Terra, os caminhos da corrupção.” (Gn 6, 11-12) O mundo é a casa de Deus, antes de ser a casa do homem. Deus não quer que o homem viva numa casa suja e degradada.
Este salmo expressa qual deveria ser a nossa atitude perante Aquele que nos ofereceu uma casa bela e grande. Uma casa cheia de segredos que ainda não conhecemos.[2]

O que nos dizem os salmos hoje?
Carlo Maria Martini diz que os salmos contêm, pelo menos, três segredos:
· “A capacidade de nos ajudar a ler a obra de Deus no mundo como expressão da proximidade e da amizade do Senhor com as suas criaturas;
· A capacidade de ler em profundidade o coração do homem, para reconduzir cada alegria e cada dificuldade à confiança e à esperança de quem crê em Deus;
· A capacidade de ler em transparência a história de um povo para nela descobrir a realização do projecto de Deus que chama todos os homens à felicidade e à salvação.”[3]
O homem de hoje sabe louvar a Deus? Quando o homem já não sabe orar nem louvar, no sofrimento e nas lágrimas, deixa-se levar por uma raiva sem sentido ou fecha-se num cepticismo derrotista que se contenta com qualquer satisfação imediata. É preciso decidir querer louvar, assumir o louvor como atitude fundamental e não escolher a raiva ou a resignação, mas o amor que louva a Deus operante no mundo.
Para louvar é preciso ter uma razão forte para que brote a força.
Ao recitar os salmos revestimo-nos de Cristo, porém só é possível porque ele se reveste de nós. É este o único caminho e consiste em conhecer a Cristo, conhecendo-nos a nós próprios.[4]

Job[5]
Job maldiz o dia em que nasceu, mas não maldiz a Deus. Faz subir a Deus o seu drama. Os seus amigos falam sempre de Deus na terceira pessoa (tal como a cobra nos relatos da criação em Gn 3, 1-6. Job diz aquilo que sente nas horas de provação. “Nu saí do ventre de minha mãe e nu para lá voltarei.” O choque do sofrimento abala as evidências, as certezas fáceis e as lindas ideias reconfortantes. É sobretudo quando os homens sofrem que se voltam para Deus ou, pelo contrário, se afastam dele; mas, em qualquer dos casos, confrontam-se com o seu mistério.
O quadro narrativo, quase totalmente em prosa, compreende o Prologo (Cap. 1 e 2) e o Epilogo (42, 7-17); dois monólogos de Job (3 e 29-31); os diálogos de Job e dos seus três visitantes (4-27); o poema sobre a Sabedoria inatingível (28); os discursos de Elihu, o quarto visitante (32-37); a teofania de Jahveh e as respostas de Job (38, 1-42, 6). No prólogo, Job aparece bem situado numa vida honesta e simultaneamente feliz; mas, depois, passa por experiências de desgraça que levantam a questão de saber se ele era, de facto, ou se continuou ou não a ser honesto; no epílogo, a sua situação aparece, por fim, inteiramente restaurada.
O facto é que este livro se impôs como um dos mais elevados momentos literários da Bíblia; e, para a História da teologia, da filosofia e da cultura, até aos dias de hoje, ficou a ser um verdadeiro marco da tomada de consciência dos dramas da experiência humana.
“Será necessário esperar uma nova aliança, o Getsémani, a Cruz e o seu reverso de gloria, para que os crentes descubram a aposta maravilhosa que Deus fez, desde sempre, pelo homem. Já cinco séculos antes desta revelação definitiva, Job, ou o homem de Deus que se esconde por detrás dele, soube pressentir um dos maiores paradoxos da salvação. Compreendeu que a ferida em nós aberta pelo silêncio de Deus não é mais do que a esperança e que deste ferida Ele decidiu não nos curar.”

Qohélet (Eclesiastes)
O livro de Qohélet aproxima-se do livro de Job pois ambos são contestatários, pois são um discurso corrosivo, desmobilizador. Qohélet é alguém que exerce uma função da assembleia. O autor é chamado Qohélet, que a versão grega traduziu por Eclesiastes. O nome tem haver com a raiz hebraica Qahal, substantivo que designa assembleia litúrgica. Qohélet é apresentado também como filho de David, rei em Jerusalém.
Está dividido em três partes:

1,1-11 – Prólogo na 3ª pessoa, é posterior ao corpo do texto;
1, 12-12, 7 – Parte central na 1ª pessoa;
12, 8-14 – Epílogo – discurso sobre Qohélet na 3ª pessoa. Terá sido colocado quase que para reabilitar/canonizar o livro, dado o teor corrosivo do discurso; também é posterior ao corpo do texto.
Introdução
“Vaidade das vaidades, tudo é vaidade” vaidade quer dizer fumo, sopro, vento…
No Antigo Testamento aparece 70 vezes Evel (vaidade), das quais 37 é no livro de Qohélet. Não há nada de novo, há sempre um ciclo, um retorno… Em Isaías temos “vou fazer uma coisa nova”, mas Qohélet diz que “nada há de novo debaixo do sol”.
Corpo do texto
O refrão tudo é vaidade trespassa o texto. Mas no meio de tudo isto, a felicidade do homem é comer e beber, fruto do seu trabalho e que vem de Deus. Qohélet fala da vida, iguala tudo. O justo é igual ao ímpio, o sábio é igual ao insensato, o homem é igual ao animal. A vida é “ridícula” pois todos acabam da mesma forma. O que faz com que sito seja equivalente é a morte. A morte nivela tudo, liquida tudo. É o primeiro homem que aponta para a morte partindo da vida. Se a morte não tiver a última palavra, vale a pena ser justo e sábio… abriu esta pista de reflexão no século III a. C. e levou a que pensassem uma solução para aquela morte. Antes, em termos bíblicos, vivia-se e morria-se. A felicidade era na terra e quando morriam ficavam sem Deus.
Livro da Sabedoria
É o último livro escrito no Antigo Testamento no ano 30 a. C. É um livro sereno e sem preocupações. Entre o último escrito do Antigo Testamento e o primeiro do Novo Testamento (carta de São Paulo aos Tessalonicenses), vão cerca de 80 anos. A personagem presente nas páginas do Livro da Sabedoria, é a Sabedoria. Nos capítulos 7 e 8 (núcleo fundamental do livro) é a sabedoria que fala. Este livro faz um resumo optimizando tudo o que está para trás. O objectivo do livro é elevar a pessoa.
Estrutura do livro
I. Exórdio (1,1-5,23): Tipicamente grego. O tema (a sabedoria) é discutido pelos que defendem e pelos seus adversários. O Exórdio começa e termina por aconselhar os senhores do mundo a viver na sabedoria. Os ímpios (não sábios) entram em cena também (2, 1-20). O epicurismo está presente na ideia de que a morte é o fim de tudo, a vida não tem sentido algum e é breve. Também se pode ler a filosofia do carpe diem de Horácio pois, afirmam os ímpios, a vida é para ser gozada ao máximo. A força é a norma de justiça que liquida os justos e os indefesos.
O centro do Exórdio está nos capítulos 3-4, em que há um confronto entre o sábio e o insensato. Recupera a mulher estéril e o eunuco. Apresenta uma nova medida da vida, a densidade da vida já não depende dos muitos anos nem dos muitos filhos. O critério é a sabedoria com amor.
Os ímpios acabam por tomar de novo a palavra para reconhecerem os seus erros e como foram insensatos ao oprimir os sábios e reconheceram errada a sua norma de vida (5, 4-13). Não foi Deus quem fez a morte e as suas criaturas são salutares, sem veneno de morte.
A imortalidade e a morte aparecem neste livro. Os ímpios sentem-se atraídos pela morte e vivem para a morte (1, 16). Deus reserva a imortalidade aos justos.
A sabedoria é inteligência, sensatez mas com amor. O homem sábio é o que sabe fazer o que deve fazer no momento certo, não por dever, mas por amor.
II. Elogio da Sabedoria (7,1-9,18): É o centro do livro. É patente o Elogio da Sabedoria. Uma sabedoria que não se pede a si mesma mas a Deus. Salomão pede a Deus a sabedoria, em jeito de oração, como noiva que o acompanhe. O confronto de Salomão entre o que pede a Deus e a sua realidade, pois ele tinha várias mulheres.
III. A Sabedoria na História de Israel (10,1-19,22): Quando se lê a história da salvação à luz da sabedoria, os acontecimentos aparecem com outro perfil, pois a sabedoria optimiza todos os momentos maus da história.
10, 1 – Ela (sabedoria) protege o primeiro homem, pai do mundo; levanta-o no momento da queda e deu-lhe poder de tudo dominar. A sabedoria dá um novo colorido a toda a vida.
Em 13, 14-15 faz a critica mais consistente alguma vez feita.
[1] MANNATI, Mariana – Para orar com os Salmos. Difusora Bíblica, 1984.

[2] ALVES, Herculano – Símbolos na Bíblia. Difusora Bíblica, 2001.
[3] MARTINI, Carlo Maria – A sede de Deus. Lisboa: Paulinas, 2002.
[4] BEAUCHAMP, Paul – Los Salmos noche y dia. Madrid: Ediciones Cristiandad, 1981. p 42.
[5] Apontamentos da aula; LEVEQUE, Jean – Job o livro e a mensagem. 1ª ed. Lisboa: Difusora Bíblica, 1990.

5 Comments:

Enviar um comentário

<< Home