Jogo de Palavras

"No principio era o logos..."

sábado, março 04, 2006

Porque amanhã é domingo

Hoje apenas quero deixar uma pequena meditação do salmo e da primeira leitura da liturgia da Eucaristia de amanha, I Domingo da Quaresma...
Salmo 24 (25)

Refrão: Todos os vossos caminhos, Senhor, são amor e verdade
para os que são fiéis à vossa aliança.

Mostrai-me, Senhor, os vossos caminhos,
ensinai-me as vossas veredas.
Guiai-me na vossa verdade e ensinai-me,
porque Vós sois Deus, meu Salvador.

Lembrai-Vos, Senhor, das vossas misericórdias
e das vossas graças que são eternas.
Lembrai-Vos de mim segundo a vossa clemência,
por causa da vossa bondade, Senhor.

O Senhor é bom e recto,
ensina o caminho aos pecadores.
Orienta os humildes na justiça
e dá-lhes a conhecer a sua aliança.


Uma Súplica individual de reconciliação e de perdão para seguir os caminhos do Senhor que conduzem à verdade. A fidelidade e a esperança ecoam em todo o salmo e nós cristãos e discípulos de Cristo temos em jesus a realização da promessa que Deus fez: O perdão dos pecados e a indicação do caminho que nos leva a Ele. Na Cruz, no mistéio do Amor de Deus pela humanidade, está patente a realização definitiva desta promessa. O Senhor é bom e misericordioso que nos aponta sempre o caminho melhor fazendo e renovando sempre e sempre a sua Nova Aliança com os humildes que o buscam de coração sincero.

(Miguel Angelo)


Leitura do Livro do Génesis (Gen 9, 8-15)
Deus disse a Noé e a seus filhos:«Estabelecerei a minha aliança convosco, com a vossa descendência e com todos os seres vivos que vos acompanham: as aves, os animais domésticos, os animais selvagens que estão convosco, todos quantos saíram da arca e agora vivem na terra. Estabelecerei convosco a minha aliança: de hoje em diante nenhuma criatura será exterminada pelas águas do dilúvio e nunca mais um dilúvio devastará a terra».Deus disse ainda:«Este é o sinal da aliança que estabeleço convosco e com todos os animais que vivem entre vós, por todas as gerações futuras: farei aparecer o meu arco sobre as nuvens, que será um sinal da aliança entre Mim e a terra. Sempre que Eu cobrir a terra de nuvens e aparecer nas nuvens o arco, recordarei a minha aliança convosco e com todos os seres vivos e nunca mais as águas formarão um dilúvio para destruir todas as criaturas».


Aconteceu mesmo um dilúvio? Qual a verdade da arca de Noé?
Bem, numa revista a "Biblica" dos Franciscanos Capuchinhos, Ariel Álvarez Valdés escrevia precisamente sobre este tema do dilúvio. Segundo a Bíblia, choveu durante 40 dias e 40 noites sem parar. Mas é sabido que o ciclo hidrológico de evaporação provocado pelas chuvas é incapaz de fornecer semelhante quantidade de água. Como se pode pensar nesta situação quando 40 dias de chuva não podem cobrir uma superfície de 509.880.000 Km2? A Bíblia afirma que as águas subiram 7 metros acima dos montes mais altos da terra. Ora o monte mais altos do planeta é o Evarest, com 8.846 m. Por isso, para que as águas alcancem esta altura, era preciso que todos os mares subissem à média de 222 metros por dia. Mas qualquer meteorologista confirma o facto de que se as nuvens que actualmente estão na nossa atmosfera se precipitassem de repente sobre toto o mundo, o globo ficaria apenas coberto por menos de 5 cm de água.
A bioestratigrafia recusa a hipótese de uma morte simultânea de todas as espécies que habitaram o planeta. A arqueologia também nega que se tivese podido conservar pinturas primitivas como as de Catal Huuk, na Turquia, que datam de 7.00 a.C., ou as de Teleilat Jassul, perto do Mar Morto, se tivesse havido dilúvio.
E as plantas como se salvaram da água? E os peixes como não pereceram ao misturarem-se as águas doces com as salgadas? Só uma cadeia de milagres teria tornado possível todos estes acontecimentos. Coisa improvável, porque na Bíblia os milagres servem para aumentar a fé das pessoas, não para exterminá-las.
Nunca existiu nenhum dilúvio universal!

A Bíblia não pretende ensinar nenhum facto histórico, há que notar a própria linguagem e as imagens empregadas que levam o leitor a compreender que estavam diante de uma narração didáctica.

Esta cena o que nos quer mostrar é que primeiro nós somos pecadores, e que o "dilúvio" foi consequência da culpa dos pecados do homem espelhados por toda a terra corrompendo-a e levando à catástrofe. Porém entre toda a gente malvada há um justo: Noé e sua família que construiram a arca tal como Deus mandou. Mesmo alvo da zombaria dos vizinhos, Noé continuou a obedecer ao pedido de Deus. Constrói uma arca com as próprias medidas que Deus lhe deu e com o material que se deve utilizar. Quer dizer que quem constrói a sua vida com as medidas de Deus, sempre sobreviverá a qualquer tempestade. Quem não escuta a sua voz, afogar-se-a.

ter isto em conta é muito mais improtante do que saber se houve ou não chuva durante 40 dias, e onde atracou a barca. É a leitura que se deveria fazer de Gn 6-9. Deste modo havia menos gente a escalar o Monte Ararat (segundo a tradição é o monte em que atracou a arca-entre a Turquia e a Arménia) à procura da arca, e mais a mergulhar na Palavra de Deus procurando viver a sua mensagem.

5 Comments:

  • At domingo, março 05, 2006 12:55:00 da tarde, Blogger @ said…

    foi a primeira vez que reflecti nisto assim com esta seriedade. Sempre achei que teria sido possível, como se de umas inundações graves se tivesse tratado. Nunca tinha lido com atenção os pormenores descritos. Mas por esta análise da "Bíblica", realmente teremos que apenas guardar o Essencial da História. Bjnho

     
  • At segunda-feira, março 06, 2006 12:03:00 da manhã, Blogger Poesia Portuguesa said…

    Lendo em Paz e serenidade, porque o Domingo está a acabar, mas outros virão...

    Deixo um abraço e espero voltar em breve ;)

     
  • At terça-feira, março 07, 2006 12:39:00 da manhã, Blogger Jorge Moreira said…

    Olá Nuno,
    Perdoa-me mas não li este texto... falta de tempo. Passei só para te desejar uma boa semana.
    Grande Abraço.

     
  • At sábado, março 11, 2006 2:52:00 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    boas! de facto existem factos narrados na biblia que pos cientistas não conseguem explicar, é o tal mistério que a razão humana não encontra justificações válidas para validar fenómenos como o diluvio. Está para além de todas as capacidades intelectuais e como não podemos justificar resta-nos fazer um acto de fé, como nos fala o Dr.Alfredo Soares, e acreditar. é o mistério.
    Contudo nós como cristãos lemos estes factos históricos ou não, segundo uma moral, visto que, esta históriua pretende-nos alertar para o facto do pecado humano levar à corrupção do mundo, do próprio ser humano. Quer generode pecado? a nossa forma de viver; as nossas atitudes para com Deus e para com os homens... Estamos num, século em que Deus está "engavetado", ninguém precisa dele para nada, todo o ser humano julga se auto-suficiente, autonomo mas quando acontecem as desgraças atiram as culpas a Deus...
    Abraço

     
  • At sábado, março 11, 2006 2:59:00 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    eu vou partilhar contigo a lectio que fiz deste salmo!

    este salmo é uma suplica, uma vez que o salmista direge-se directamente a Deus implorando-lhe o perdão dos seus pecados e a graça da fidelidade de modo a escapar aos inimigos, visto que o Senhor nunca abandona os que nele esperam. depois reconhece que Deus ensina o caminho aos homens simples, o trata com familiaridade e lhe dá a conhecer a sua aliança e pede-lhe que o proteja.
    Por outro ladfo tal como o salmista dirige o seu olhar para Deus, também o cristão eleva o seu coração para o Senhor confiando nele sem medos, uma vez que sabe que Ele perdoa-lhe os pecados por meio de jesus, que é para nós caminho, verdade e vida e promete-nos enviar o seu espirito que nos guiará até à verdade completa.
    Em suma, este salmo leva-me a questionar-me se também eu sou capaz de dirigir o meu olhar para Cristo e não para o meu orgulho e reconhecer as minhas fragilidades e pedir perdão..

    abraço amigo

     

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