Jogo de Palavras

"No principio era o logos..."

sexta-feira, fevereiro 24, 2006

A oração




Depois de um encontro de formação em que o tema foi a oração e o encontro com Deus, não ficava bem comigo sem fazer um pequeno apanhado deste tema (que poderia ter sido muito melhor apresentado tendo em conta o grau em que se encontram os "ouvintes"). Muitas questões foram levantadas e que me deixaram inquieto pois eu não me consigo calar ouvindo tanta estupidez(perdoem-me o termo tão forte, mas é preciso chamar os bois pelos nomes).



A Igreja propõe várias formas de oração que têm sempre em conta o contacto e a nossa relação única, pessoal e directa com o Deus Pai e Criador. São elas os salmos na Liturgia das Horas, rezar com a Palavra de Deus (fazendo a Lectio Divina)- sendo esta a forma de orar mais sublime e que nos envolve mais no mistério (no meu entender claro). Depois temos também as orações em comunidade, a oração central do nosso ser cristão A Eucaristia em que Jesus se faz presente sacramentalmente por cada um de nós e renova assim o mistério da loucura da cruz que à dois mil anos suportou o corpo do Filho de Deus. Temos a piedade popular que muito nos ensina também a chegar a té Deus através dos lindos hinos e canticos que nas nossas aldeias se ouvem em cada entradecer na oração do terço do mês de Maio entre os mistérios desfiados das contas gastas de um rosário.

Segundo o Catecismo da Igreja Católica(CIC), a oração é o elevar a alma a Deus ou pedir a Deus bens segundo a sua vontade. A oração cristã é relação pessoal e viva dos filhos de Deus com o Pai infinitamente bom, com o seu Filho Jesus Cristo e com o Espírito Santo que habita no coração daqueles.

Em Jesus temos um exemplo de oração. O Evangelho apresenta-nos muitas vezes Jesus em oração. Ele retira-se para a solidão, mesmo de noite. Jesus reza antes dos momentos decisivos da sua missão ou da missão dos Apóstolos. Toda a sua via é oração, porque Ele existe numa comunhão constante de amor com o Pai. Retira-se para longe e abandona-se ao Pai confiando-se à sua vontade. Ensina-nos o PaI nosso,com o seu conteúdo que nos fala de um reino de amor.

Maria tem uma papel impoortante na nossa vida de oração pois ofereceu-se totalmente a Deus, ela pede a Jesus, seu Filho, pelas necessidades de todos os homens.

O (CIC) diz-nos que "o culto «em espírito e verdade» (Jo 4, 24)da Nova Aliança não está ligado a nenhum lugar exclusivo, porque Cristo é o verdadeiro templo de Deus, por meio do qual também os cristãos e toda a Igreja se tornam , sob a acção de Espírito Santo, templos do Deus vivo. Todavia o Povo de Deus, na sua condição terrena, tem necesidade de lugares nos quais a comunidade se possa reunir para celebrar a liturgia."

A tradição cristã conservou três modos para expressar e viver a oração: A oração vocal, a meditação e a oração contemplativa. Têm em comum o recolhimento do coração.
Segundo o (CIC), meditação é uma reflexão orante, que parte sobretudo da Palavra de Deus na Bíblia. Mobiliza a inteligência, a imaginação, a emoção, o desejo, para aprofundar a nossa fé, suscitar a conversão do nosso coração e fortalecer a nossa vontade de seguir Cristo. É uma etapa preliminar em direcção à união de amor com o Senhor.

No caso da meditação, gosto do exemplo que já li à algum tempo de um monge Beneditino, John Main. Ensinou que,para meditar,deve-se:

1. sentar-se quieto, com as costas direitas;

2. fechar os olhos;

3. repetir um mantra interiormente, e continuamente.

Escolher um momento e lugar calmos, todas manhã e todas as tardes, e meditar durante 20-30 minutos de cada vez.

O Mantra ideal é a antiga frase aramaica maranatha. Repita-a como quatro sílabas de comprimento igual, clara e conscientemente. MA-RA-NA-THA. Repete sem interrupção e sem esperar que aconteça alguma coisa. Ouve o mantra com todo o teu ser. Sê simples. Sê fiel. O aramaico era a língua que Jesus falava, a mesma língua a que pertencia a palavra "abba", que ele usava constantemente para referir-se ao Pai. Maranatha é a mais antiga oração cristã. Ela significa: "Vem, Senhor", ou "O Senhor vem". São Paulo conclui a primeira carta aos Coríntios e São João o Apocalipse, com esta frase, que expressa a fé profunda e simples da Igreja primitiva. Para mais pormenores podem clicar o título e aceder a uma pagina que tem o resto da explicação.

Muito mais haveria a dizer, mas fica tamb´me para vossa pesquisa e a vosa vivencia pessoal na oração.
Não pretendo que seja algum tratado, apenas são uns apontamentos meus, da mionha vivência, e do que vou aprendendo e verificando.

8 Comments:

  • At sábado, fevereiro 25, 2006 12:25:00 da manhã, Blogger Cleopatra said…

    Estou sentada em frente a um ecrá de PC.

    não é o local mais apropriado para fazer oração...

    Mas, se estiver atenta...Deus anda por aí...

    Subtilmente....

    É que ele já utiliza wireless há milhões e triliões de infinitos anos!!!

    Um Beijo e que ele te acompanhe!

     
  • At sábado, fevereiro 25, 2006 10:09:00 da manhã, Blogger Jorge Moreira said…

    Olá Nuno,
    Uma das problemáticas da Igreja Católica Apostólica Romana é o dogma, ao qual não me conformo, e ao qual, qualquer livre e bom pensador, também não se deve conformar...
    Pitágoras dizia: “Um coração puro, um mental aberto…”
    Muitos são os testemunhos, de que os cultos, rituais, orações, etc. dos Cristãos primordiais, nada ou muito pouco tem a ver com o que a ICAR pratica hoje. Quanta deturpação, alteração e anulação, dessas práticas antigas, foram exercidas à “luz” da conveniência?
    Os antigos Cristãos utilizavam os Mantras. Existiam muitas práticas que foram retiradas pelos concílios, afim de eliminaram qualquer vestígio de “religiosidade” oriental, neste caso do Hinduísmo. Pois havia e se procurarmos bem na Bíblia, ainda encontramos de uma forma mais discreta, muito da Religião Hindu, a mais antiga das principais Religiões que ainda hoje existem, e que muitos místicos e santos cristão, só atingiram o seu apogeu, quando as suas práticas, orações e vivências, se aproximaram mais desta “filosofia”.

    Grande Abraço e bom Carnaval.

     
  • At domingo, fevereiro 26, 2006 10:00:00 da tarde, Blogger @ said…

    Para aqueles que passam muito tempo em frente a um ecrã de PC :)

    www.lugarsagrado.com

    vale a pena passar neste site dos jesuítas e nuns minutinhos, meditarmos.

    Que Ele vos abençoe!

     
  • At domingo, fevereiro 26, 2006 10:42:00 da tarde, Blogger joao firmino said…

    Olá Nuno:

    Tenho já visto anteriores comentários em outros blogues e hoje vim ver o teu. Fiquei estupefacto. É admirável o tema da oração ser tratado numa acção de formação. Que formação é que andas a fazer?
    Quanto à oração e à meditação eu cheguei lá por mim mesmo, sem qualquer técnica, nem aprendizagem. Simplesmente descobri e quando descobri sabia que era meditação. Na verdade surge durante uma espécie de movimento oscilante, repetitivo e que produz relaxação. Mas só cada um é que sabe qual o seu ritmo mais adequado para lá chegar. Não há qualquer receita, com o risco de não haver meditação.
    Apreciei o teu gosto por estas conversas.
    Um abraço,
    João Firmino

     
  • At segunda-feira, fevereiro 27, 2006 1:40:00 da tarde, Blogger nahar said…

    Ola João, antes de mais obrigado por esta visita.
    A oração foi tema de formação numa reunião de catequistas, pois é importantes esta ligação entre o catequista e Deus pois só podemos falar e anunciar o que conhecemos.
    Abraço e um bom carnaval

     
  • At segunda-feira, fevereiro 27, 2006 1:41:00 da tarde, Blogger nahar said…

    Sim espiral, este cantinho dos jesuítas é um bom local de oração, não o meu preferido mas não minto ao dizer que de vez em quando lá vou tirar uns textos.
    bjs

     
  • At segunda-feira, fevereiro 27, 2006 1:53:00 da tarde, Blogger joao firmino said…

    Obrigado pela tua visita e comentário que deixaste no Blog do Círculo. As tuas palavras, além de reconfortantes, deixaram-me a pensar. Por enquanto não encontro respostas, mas a tua ideia é muito interessante.
    Também participo num grupo cristão de reflexão, embora com uma temática muito específica.
    Um abraço, iremos conversando oportunamente.
    João Firmino

     
  • At segunda-feira, março 13, 2006 2:20:00 da manhã, Blogger Isabel José António said…

    Caro Nahar,

    Vejo muitas vezes comentários seus no blog do Jorge Moreira e da Kali, mas só hoje vim ver o seu blog e fiquei encantado com este post, pois tambei li, com grande enlevo, John Main e lembro-me perfeitamente da revelação que constituiu para mim descobrir que a Igreja também utilizava mantrams.

    De qualquer forma, e o livro do John Main não é o único, mas é um dos mais relevantes - há também a meditação do silêncio, que salvo erro também abordada no mesmo livro. Ou talvez o uso do mantram se destine a isso mesmo, a aquietar a mente e fazê-la silenciar como forma de abertura a "ouvir" o Pai.

    Que bom que a Internet nos dê a forma de conhecer pessoas interessantes e de falarmos de temas elevados, e não apenas de superficialidades!

    Um abraço, espero que chegue a ver isto.

    Isabel

     

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