E no entanto queres dar-nos alegria
Cercado fielmente de silenciosas potências benignas,
maravilhosamente protegido e consolado,
quero viver estes dias contigo,
e contigo entrar no ano novo.
Nosso coração ainda se quer lamentar do passado,
ainda nos oprime o grave peso dos dias maus.
Ó Senhor, dá às nossas almas amedrontadas
a salvação que nos tens preparado.
E tu que nos apresentas o duro cálice,
o amargo cálice do sofrimento cheio até à borda,
e nós o tomamos, sem tremer,
da tua boa e amada mão.
E no entanto ainda nos queres dar alegria
por este mundo e pelo esplendor do seu Sol;
nós queremos recordar o que já passou,
pertence a ti a nossa vida inteira.
Faz arder hoje as quentes e silenciosas velas
que trouxeste à nossa escuridão;
reconduz-nos, se é possível, à unidade.
Nós sabemos que tua luz arde na noite.
Quando o silêncio profundo descer sobre nós,
faz-nos ouvir aquele som cheio do mundo,
que, invisível, se estende à nossa volta,
o alto canto de louvor de todos os teus filhos.
Maravilhosamente socorridos por potências benignas,
consolados, esperamos todo o futuro evento.
Deus está connosco de tarde e de manhã,
absolutamente, em cada novo dia.
Dietrich Bonhoeffer
Dietrich Bonhoeffer (4 de Fevereiro de 1906 – 9 de Abril de 1945), teólogo e pastor luterano alemão, fez parte da resistência contra o nazismo. Participou num plano para assassinar Hitler (a quem chamava “o sedutor”, que em alemão soa similar a “Fuhrer”), mas foi descoberto e enviado para um campo de concentração, onde viria a ser enforcado. “O Custo do Discipulado” (1937) e “Cartas e Escritos da Prisão” são as suas principais obras. Dietrich Bonhoeffer influenciou a teologia católica e protestante.
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