Jogo de Palavras

"No principio era o logos..."

terça-feira, abril 25, 2006

Liberdade ou libertinagem???




Ontem apenas
fomos a voz sufocada
dum povo a dizer não quero;
fomos os bobos-do-rei
mastigando desespero.

Ontem apenas
fomos o povo a chorar
na sarjeta dos que, à força,
ultrajaram e venderam
esta terra, hoje nossa.

Uma gaivota voava, voava,
assas de vento,
coração de mar.
Como ela, somos livres,
somos livres de voar.

Uma papoila crescia, crescia,
grito vermelho
num campo cualquer.
Como ela somos livres,
somos livres de crescer.

Uma criança dizia, dizia
"quando for grande
não vou combater".
Como ela, somos livres,
somos livres de dizer.

Somos um povo que cerra fileiras,
parte à conquista
do pão e da paz.
Somos livres, somos livres,
não voltaremos atrás.

As vozes continuam caladas, os dedos apontados a liberdade condicionada, a justiça viciada, a politica dos "lobbies", a solidão que cada vez mais afecta a sociedade em que vivemos. Tudo isto condiciona a liberdade e conduz a uma libertinagem pois está cada um por si e cada um luta pelo seu próprio prazer nem que para isso mate, roube ou deixe alguém num abismo...cada um por si. É esta a liberdade que tanto se anceava ter? É mais um dia bonito para aquelas celebrações chatas, cheias de teoria e mais teoria, de discursos e mais discursos, de cravos vermelhos (pelo menos alguém ganha alguma coisa com isto tudo - a Tia Maria que vende os cravos vermelhos à porta da Asembleia da República)...

sexta-feira, abril 21, 2006

Passagem

Meio dia e trinta e um minutos recebia eu a seguinte mensagem: "Nuno já se acabou tudo. O meu pai faleceu..."
Realmente que somos nós nesta vida se em nada acreditassemos? Se vissemos a morte como um fim para tudo? Seríamos seres vazios e inúteis. Chorei, fico triste pois muitos anos convivemos e guardo boas recordações que ficaram apenas no meu coração. A dor da partida é grande, a dor é grande, porém aconteceu uma Páscoa, uma Passagem...
A fé em Cristo ressuscitado dá a certeza de que a morte não é o fim inelutável da humanidade. O amor de Deus é mais forte, com o Cristo que desce à «mansão dos mortos» para rebentar com as portas e libertar os cativos. Onde estiveres agora olhas para a dor e luto de cada um de nós. Agora deves perceber tudo, tens uma visão do mundo e das coisas diferente da nossa. Continua a olhar pela familia que deixaste tão cedo.



Se me amas não chores!
Se conhecesses o mistério imenso
Do céu onde agora vivo,
Este horizonte sem fim,
Esta luz que tudo reveste e penetra
Não chorarias, se me amas!
Estou absorvido no encanto de Deus
Na sua infindável Beleza.
Permanece em mim o teu amor
Uma enorme ternura
Que nem tu consegues imaginar.
Vivo numa alegria puríssima.
Nas angústias do tempo Pensa nesta casa
Onde um dia estaremos reunidos para além da morte,
Matando a sede
Na fonte inesgotável da alegria
E do amor infinito.
Não chores, Se verdadeiramente me amas!
(Santo Agostinho)

domingo, abril 16, 2006

Páscoa


Ele está vivo, ressuscitou de entre os mortos

sexta-feira, abril 14, 2006

Angústia, dor, solidão...



"A minha alma está numa tristeza de morte"...

Tudo está consumado



"Ao chegar ao meio dia, fez-se trevas por toda a terra, até às três da tarde. E às três da tarde, Jesus exclamou em alta voz: «Eloí, Eloí, lemá sabachtáni?», que quer dizer: Meus Deus, meu Deus, porque me abandonaste? (...) Mas Jesus, com um grito forte, expirou. E o véu do Templo rasgou-se em dois, de alto a baixo. " (do Evangelho de S. Marcos)

quinta-feira, abril 13, 2006

"Amou-os até ao fim"



Seremos nós capazes de assumir o amor até ao fim??? Temos medo das responsabilidades e tristezas que daí advêm? Temos medo do compromisso? Jesus deu-nos o exemplo de entrega e pediu que o fizessemos também nós uns aos outros

quarta-feira, abril 12, 2006

Eis que chegaram os dias dos ázimos...



"Eis que chegaram os dias dos ázimos, os cordeiros sangram no templo, ide e preparai tudo para comermos a Páscoa, pois muito a desejei para come-la convosco. A sala está preparada, pão e vinho sobre a mesa; trinta moedas pagamos pelo nosso cordeiro pascal, o vinho que nós bebemos caia sobre nós e nossos filhos, o pão por nós partilhado suspendámo-lo na cruz"

Na véspera do ínicio do tríduo que celebra a morte e ressurreição, dei comigo a pensar em palavras que possam definir cada um dos dias.

Para quinta feira santa, as palavras chave que me surgiram foram: Eucaristia, Unidade, serviço e humildade.

Sexta feira santa enquadra-se num ambiente em que tudo nos parece perdido, mas o amor, o grande amor tem tudo sob controle. Morte e entrega foram as palavras que surgiram.

Sábado faz-se silêncio, o silêncio é o elemento dominante neste dia, o silêncio na espectativa de uma vida nova e de um novo dia. O grão de trigo teve que cair à terra, teve que descer ao sepulcro para poder erguer-se, ressurgir com uma vida nova. O silêncio de sepulcro fala-nos da espera...

Quinta feira santa fazemos memória da última ceia de Jesus com o seu grupo de amigos. Uma ceia em que não faltava um ambiente agradável entre conhecidos e amigos, uma ceia em que não faltaram o cordeiro e o pão ázimo, o vinho e as ervas amargas...Mas uma ceia especial pois Jesus antes de se entregar à morte quis deixar-se ficar presente no nosso meio sob as espécies de pão e vinho. Aqui Jesus instituiu a Eucaristia que seria a fonte de unidade de todos aqueles que viriam a seguir a Boa Nova. Serviço e humildade estão muito presentes nesta ceia pois Jesus quis também deixar-nos um mandamento novo - o mandamento do amor e a acção desse mandamento foi o facto de Jesus ter lavado os pés aos seus discipulos. Esta atitude só mostra uma profunda humildade e entrega de alguém que só quer servir. Seremos nós capazes de servir com esta radicalidade???


Amanhã a Igreja veste-se de branco para celebrar a Eucaristia, o maior tesouro que temos para depois se recolher em oração e silêncio e acompanhar a agonia de Jesus no horto. "Pai se este não pode passar sem que eu o beba, faça-se a Tua vontade".

terça-feira, abril 11, 2006

Semana Maior




"Se o grão de trigo, caindo à terra, não morrer, fica só ele: mas se morrer dá muito fruto". (Jo 12, 24)


Domingo de Ramos abre a Semana Santa ou Semana Maior para todos aqueles que VIVEM e CELEBRAM o mistério de tão grande amor de Deus por cada um de nós ao entregar o Seu filho à morte numa cruz para o fazer voltar à vida três dias depois para resgatar a humanidade para uma bova vida em Cristo Jesus.


Domingo de Ramos, o Senhor caminha voluntariamente para a sua santa e venerável paixão, a fim de realizar o mistério da salvação dos homens. Caminha o Senhor livremente para Jerusalém, Ele que desceu do Céu por causa de nós, prostrados no abismo, a fim de nos elevar consigo. O Senhor não vem com glória ou pompa. Ele não gritara nem clamará, nem se ouvirá a sua voz; mas será manso e humilde e entrará com aparência modesta e vestes de pobreza.

Senhor Jesus, sinto-me feliz por te dizer com os meus gestos levantando o meu ramo, e com a minha voz, cantando-te: És o Rei do Universo, Hossana! Creio que podes criar o novo e o belo no coração de todas as pessoas. Agitando os ramos espirituais da alma, sejamos nós capazes de aclama-lo todos os dias com a nossa vida, dizendo: bendito o que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel.

Jesus, entrais em Jerusalém,
Passais o pórtico e entrais na cidade
Tal como entrais na renuncia da vossa vida.
Hossana! Bendito Aquele,
Que vem em nome de Deus.
Bendito sois pelo amor
Que dás sem medida.
Bendito sois pelos vossos passos para nós,
Passos de justiça e de luz
De perdão e de verdade.
O caminho que abris, Jesus,
É um caminho apertado,
Escarpado, perigoso.
O caminho que abris,
Diz-nos o amor imenso do Pai.
E entrando em Jerusalém
Passais a porta
E deixais que fique entreaberta…

domingo, abril 02, 2006

Foi há um ano




Imagens como esta encheram à um ano o mundo de um clima de saudade, de orfandade mas de alguma forma de unidade, pois foi tão agradavel ver religiões diferentes em oração na praça de São Pedro homenageando o grande homem que foi João Paulo II. São imagens que nos ficam gravadas sempre e serão inscritas na historia pessoal de cada um de nós e na história mundial.
No momento em que se aproxima a hora que João Paulo II partiu para a casa do Pai, deixo aqui a minha oração e memória.


Ó Trindade Santa,
nós vos agradecemos por ter dado à Igreja
o papa João Paulo II
e por ter feito resplandecer nele a ternura da vossa Paternidade,
a glória da cruz de Cristo e
o esplendor do Espírito de amor.
Confiado totalmente na vossa infinita misericórdia
e na materna intercessão de Maria,
ele foi para nós uma imagem viva de Jesus Bom Pastor,
indicando-nos a santidade
como a mais alta medida da vida cristã ordinária,
caminho para alcançar a comunhão eterna convosco.
Segundo a vossa vontade, concedei-nos, por sua intercessão,
a graça que imploramos,
na esperança de que ele seja logo inscrito
no número dos vossos santos.
Amém.